NOTA SOBRE A FUNDAÇÃO DO COLETIVO FEDERALISMO AUTOGESTÃO E LIBERDADE

fal

Era para ser apenas um grupo de estudos anarquistas para analisar a conjuntura de lutas no Rio de Janeiro, uma vez que as Olimpíadas se aproximavam, que o partido oportunista que governava no momento acabava de sancionar leis antimovimentos sociais e iria ser retirado do poder pelos seus aliados de direita e que a farsa das eleições municipais se avizinhava. Contudo, cerca de 200 pessoas, inclusive de outras cidades, responderam ao chamado e compareceram no grupo de estudos e, juntas, chegaram à conclusão que era necessário um espaço organizativo que congregasse organizações e indivíduos anarquistas, libertários e apartidários, devido as lutas que iríamos enfrentar. Na reunião seguinte, específica para fazer nascer esta ideia, novamente cerca de 200 pessoas retornaram e decidiram que o nome daquele espaço horizontal seria Fórum Anarquista e Libertário – FAL e que estaria sob os princípios do apartidarismo, anticapitalismo, antifascismo, horizontalidade e federalismo. Diversas comissões foram tiradas e muito trabalho se seguiu. Apoio às ocupações dos secundaristas que ocorriam naquele momento, apoio à greve da educação, apoio à campanha pela liberdade de Rafael Braga, uma campanha contra a farsa eleitoral, participação em vigílias no tribunal de justiça contra o genocídio do povo negro, participação em atos antifascistas, panfletaços, colaços, adesivaços, participação em diversas manifestações. Algumas ocupações surgiram e foram mantidas pelos membros da FAL. Em tão pouco tempo de existência, muito foi feito, provando mais uma vez que a organização e a ação direta são as forças que fazem a mudança.
No entanto, a cada reunião o número de participantes diminuía, algumas organizações não mais retornaram ao espaço. Por outro lado, outros grupos e coletivos também surgiram através do Fórum. Resultou, assim, num número menor de pessoas, que mantiveram as atividades apesar do esvaziamento. Estas perceberam então que o espaço não mais funcionava como um Fórum para congregar organizações e que estava organicamente funcionando mais como um coletivo. Então, em reunião, foi decidido pelos presentes que a FAL se tornaria um coletivo para que todo o trabalho que foi feito não fosse simplesmente abandonado.
Assim, o Fórum Anarquista e Libertário dá lugar ao coletivo Federalismo Autogestão e Liberdade, que traz em seu nome uma síntese dos princípios propositivos que nos norteiam. Pois é somente com muita organização, autogestionária e horizontal, pelo contato das redes de organizações pelo federalismo e pela liberdade coletiva, através do apoio mutuo sem autoritarismos hierárquicos ou individualismo, que teremos certeza de podermos fazer nascer um mundo novo onde caibam muitos mundos.

O Fórum Anarquista e Libertário se transforma em Federalismo Autogestão e Liberdade – FAL.
Vida longa à FAL!!!

NOTA SOBRE O ATO DA ABERTURA DOS JOGOS OLÍMPICOS

050816

A FAL vem por meio desta nota saudar todas as guerreiras e guerreiros que no dia 05/08 estiveram na Saens Peña para protestar contra esta Olimpíada da morte e que, mesmo com toda a repressão e discurso de medo, enfrentaram as forças das repressões e ousaram seguir em direção ao Maracanã denunciando todas as mazelas que esta Olimpíada representa no dia de sua abertura. As 77 mil pessoas removidas de suas casas, a ocupação militar na Maré, o genocídio do povo negro e favelado fazem parte do projeto olímpico, projeto este que, atrás de todo espetáculo e através da dominação, lucra com a vida de nosso povo. Olimpíadas para quem? Se ao trabalhador exausto que sofre com a queda dos salários, desemprego, aumento dos preços e o descaso no transporte será negada a entrada diante ao absurdo do preço dos ingressos!? Acreditamos que este ato delimitou bem um campo combativo independente, que repudia a farsa eleitoral e a combinação de trajetos com a polícia e que não aceitou a interdição deste estado de exceção, seguindo por dentro do bloqueio policial. Ainda que não tenhamos conseguido chegar ao Maracanã, é extremamente simbólico que tenhamos desobedecido e seguido além do envelopamento policial ao qual fomos submetidos, enquanto a esquerda festiva, após entregar todas as greves até então em curso, fazia suas cirandas bem longe do local para o qual os olhos do mundo estavam voltados. Nossas companheiras e companheiros foram alvejados com gás lacrimogeneo de composição e concentração proibidas, arremeçado contra crianças que brincavam na Afonso Pena pelo Choque, para tentar impedir que seguíssemos até o Maracanã. Foi também sob o olhar incrédulo que a população assistiu o espancamento de nossas corajosas guerreiras. Enquanto isso, o espetáculo seguia no Maracanã, nesta cidade que vende aqueles mesmos que exclui e mata diariamente. Dizemos não a este espetáculo e convocamos a todas e todos para sair às ruas e dizer NÃO conosco.
COMPAREÇA AO ATO DA CERIMÔNIA DE ENCERRAMENTO
DIA 21/08 CHEGAREMOS AO MARACANÃ.